Os cintos de musculação são um staple na mala de treino de qualquer powerlifter e strongman.
São vistos como um equipamento essencial para o treino pesado e uma salvaguarda para a tua coluna.
Mas será este realmente o caso?
Neste artigo vais conhecer tudo sobre o cinto de musculação: o que é, para que serve, os diferentes tipos de cinto e qual escolher e como e quando utilizar o cinto.
Tudo para garantir que o utilizas a teu favor. E não contra ti!
O QUE É UM CINTO DE MUSCULAÇÃO?
Um cinto de musculação, ou cinto de levantamento, é um equipamento de treino utilizado maioritariamente para proteger ou conferir maior estabilidade à coluna lombar.
Basicamente funciona como um mecanismo que te ajudará a comprimir a tua região abdominal, criando um feedback sensorial para que os teus músculos da região abdominal e lombar contraiam.
Desta forma, consegues aumentar a pressão intra-abdominal e a estabilidade dessa área.
PARA QUE SERVE?
Maioritariamente para 2 propósitos:
- Diminuir o risco de lesão
- Potenciar a sensação de segurança (psicológica) para mover cargas mais elevadas.
Como vimos acima, o mecanismo “base” através do qual o cinto funciona é através do feedback sensorial que aplica nos músculos da coluna.
Um pouco da lei ação-reação.
Ou seja, o cinto, quando apertado forte o suficiente, representa um elemento de estabilidade “passiva”:
Primeiro com uma função de suporte, limitando o movimento da coluna.
Para isto queremos que o cinto esteja apertado o máximo possível sem impossibilitar a respiração nem limitar a ação dos músculos do core.
E, simultaneamente, queremos aproveitar a ação elástica do cinto para nos ajudar a combater a flexão da coluna imposta pelos exercícios.
(Quão mais flexão a coluna tentar fazer, mais o cinto tenderá a ajudar)
Segundo, o cinto de musculação promove o aumento da pressão abdominal.
Um pouco como a manobra de Valsalva (1): este aumento da pressão abdominal aumenta as forças de compressão internas – estabilizando melhor a coluna.
Simultaneamente, poderá também levar à diminuição da compressão dos discos da coluna.
Ou seja: potencial mais segurança.
E potencial para mover cargas mais pesadas beneficiando da ação elástica do cinto.
Win-win… não achas?
CONTRAS DO CINTO DE MUSCULAÇÃO
Lembras-te quando disse que estes elementos de ajuda eram “passivos”?
Exato.
O que significa que o facto de conseguires mover cargas mais elevadas (ou tolerar melhor uma dada carga) não é fruto dos teus músculos produzirem mais força.
Nem terem maior ativação ou participação (2-4).
Ou seja: os teus quadricípites não vão conseguir produzir mais força lá porque estás a usar um cinto de musculação e meteste mais 5kg na barra.
Ou seja (x2): teoricamente não vais hipertrofiar mais utilizando o cinto.
Simultaneamente, o facto de utilizares mais carga nos exercícios significa que vais impor mais stress nos teus tecidos.
Sejam eles ligamentos, tendões ou mesmo as próprias articulações.
Pensa comigo: será que te compensa meter mais 10kg numa barra sobre a tua coluna num agachamento… para não tirar qualquer ganho muscular adicional disso?
Além disso, a utilização de um cinto de musculação pode alterar a execução/biomecânica dos exercícios.
E embora alguns indivíduos utilizem isto a seu favor de forma correta – mantendo o controlo para maximizar o proveito da estabilidade adicional…
Alguns indivíduos vão aproveitar o efeito elástico do cinto e fazer mais movimentos balísticos (ex: dive-bomb squat).
O que não é positivo para o crescimento muscular.
Nem para o teu risco de lesão.
RESUMINDO
O cinto de musculação é um equipamento que traz estabilidade passiva na lombar e que te pode ajudar a contrair melhor a musculatura do core por feedback quinestésico.
No entanto, embora com o cinto consigas mover cargas mais pesadas, a ativação e recrutamento muscular não beneficiam disto – tornando-se em mais carga sob os tecidos sem trazer um estímulo de crescimento adicional.
COMO USAR O CINTO DE MUSCULAÇÃO
Por isso, para entendermos como usar o cinto de musculação na prática, vamos dividir este capítulo em duas secções:
- Quando utilizar o cinto de musculação – os melhores cenários e porquê
- Como usar o cinto de musculação – como o colocar e qual escolher.
QUANDO UTILIZAR?
Primeiro, relembro que o cinto atua maioritariamente na estabilidade da coluna lombar.
Por isso, deve ser utilizado apenas em exercícios onde é necessário maior cuidado/atenção à estabilidade lombar.
Exemplo: Agachamentos, Pesos Mortos, Bons Dias, Overhead Press, …
Caso contrário… não é que esteja “errado” ou te faça mal.
Mas utilizar um cinto para fazer bicípites ou chest presses – onde uma boa técnica nunca teria a lombar como limitante – é um desperdício.
Sinceramente: a técnica está assim tão má que é necessário um cinto para estabilizar a coluna nessa rosca de bicípites?
Exato: quando o exercício não tem (ou não deve ter) grande exigência lombar… tira o cinto!
Segundo, guarda o cinto para os dias em que realmente é necessário.
Sim, podemos encarar o cinto como uma ótima ferramenta de aprendizagem para dominar o bracing e estabilização da coluna.
Mas também não queres depender deste feedback do cinto para conseguir criar esta estabilização. Queres ser independente e poder agachar bem independentemente de ter o cinto contigo ou não. Certo?
Então:
- Não utilizes o cinto nas séries de aquecimento (e foca-te num bom bracing sem cinto)
- Tenta não utilizar o cinto em todas as séries de trabalho.
- Guarda o cinto para aqueles dias e/ou séries em que tens a cabeça mais cansada e sentes que precisas deste cuidado adicional.
COMO USAR O CINTO DE MUSCULAÇÃO
Muito simples:
Idealmente queres apertar o cinto o máximo possível sem que este te impeça de inspirar nem expirar.
Ou seja: deves sentir apertado ao ponto de conseguires inspirar com a barriga contra o cinto (e ter o tal feedback de apertar a cintura).
Em termos de posição, o cinto deve estar na zona da tua coluna lombar, cobrindo o teu umbigo.
Por isso, ao comprar um cinto de musculação – faz a medição do teu perímetro abdominal para saberes exatamente as tuas medidas.
É das formas mais práticas e fáceis de assegurares que o teu investimento num cinto não é em vão.
PS: Se vês alguém com o cinto posto do início ao fim do treino, a conseguir rir e conversar à vontade… muito provavelmente o cinto está só a servir de adorno no outfit
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NA PRÁTICA
O cinto pode ser um excelente equipamento.
Particularmente se competes em powerlifting ou halterofilismo e o teu treino e competição se baseiam em levantamentos com cargas máximas.
Não obstante, o cinto de musculação tem a sua utilidade no mundo da hipertrofia.
Primeiro: para trabalho mais pesado (6 ou menos repetições) – que pode estar perfeitamente integrado numa boa periodização para hipertrofia.
Segundo: para aprender a dominar bem o bracing – utilizando o cinto como ferramenta de aprendizagem/feedback quinestésico.
Terceiro: para aqueles dias em que estás mais cansado(a) e sentes que não vais conseguir manter o mesmo grau de concentração na tua técnica e “rigidez” da coluna.
(Embora também possas simplesmente substituir o exercício onde “precisarias” do cinto de levantamento)
TIPOS DE CINTO DE MUSCULAÇÃO
CINTOS DE VELCRO:
Os cintos mais baratos e mais simples de utilizar.
Estes cintos, cujo fecho é em velcro e cujo material é sintético, são menos robustos e têm uma menor fiabilidade.
Ou seja: toleram menos força comparativamente aos restantes – sendo limitados pela força do Velcro.
Por isso, são os cintos menos eficazes.
Mas também são os mais baratos.
Sinceramente: não recomendo cintos de velcro.
Se é para investir num cinto (que é um material que tende a durar anos e que tem como objetivo a TUA SEGURANÇA), defendo vivamente que deves investir um pouco mais e ter algo melhor e mais seguro.
CINTOS DE POWERLIFTING:
Ao contrário dos cintos de levantamento em velcro, os cintos de powerlifting são muito mais rígidos e espessos.
Geralmente têm uma largura e altura constante ao longo de todo o cinto – exatamente para garantir a máxima “pressão” aplicada em toda a região abdominal.
Por isso, são os cintos de musculação mais estáveis e mais indicados para o trabalho mais pesado.
Daí o nome “powerlifting” – porque os atletas de powerlifting tendem a trabalhar muito mais com cargas pesadíssimas.
CINTOS DE BODYBUILDING:
Estes são os cintos feitos de couro, geralmente mais largos e espessos nas costas – e mais finos na zona do abdómen. (O que os diferencia dos cintos de powerlifting)
Geralmente, são considerados como um híbrido entre os cintos de velcro e os de powerlifting.
Isto porque promovem um equilíbrio entre o conforto necessário para séries de mais repetições e a estabilidade para trabalho moderado-a-pesado.
Por isso, geralmente têm uma fivela em aço e são mais robustos e fiáveis que os cintos de levantamento em velcro.
ONDE COMPRAR UM CINTO DE MUSCULAÇÃO?
Pessoalmente, acho que o cinto de levantamento deve fazer parte do “arsenal” de muitos atletas. Principalmente dos que gostam de agachar ou fazer pesos mortos pesados.
E, sendo um equipamento que tende a ser para uso esporádico (apenas alguns minutos do teu treino, algumas vezes por semana), é um equipamento que é duradouro.
Por isso, recomendo que invistas num bom cinto de musculação.
Porque não só terás maior segurança e qualidade no equipamento, como só terás de comprar uma vez – poupando dinheiro.
Com base na experiência que tenho tido (não só comigo mas também com inúmeros atletas – seja online ou presencial) recomendo o Cinto em Pele da Prozis.
Além de ter uma ótima relação qualidade:preço, é um cinto super duradouro e confortável.
Tira as medições, escolhe o tamanho certo para ti e garanto-te que não te vais arrepender!
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CONCLUSÃO
O cinto de musculação é um excelente equipamento para o treino de hipertrofia e de força.
No entanto, como tudo, deve ser utilizado de forma correta e bem adequada a cada exercício e protocolo de força.
Pessoalmente, recomendo-te que utilizes o cinto apenas para trabalho mais pesado (< 6 reps) e/ou em dias que realmente precises de uma segurança adicional porque estás cansado(a) e não te sentes confortável com a tua capacidade de controlar e estabilizar a tua coluna.
Finalmente: não te esqueças que a carga adicional que consegues colocar utilizando um cinto não é fruto dos teus músculos estarem mais fortes. Mas sim porque estás a beneficiar de um efeito elástico passivo – proveniente do cinto e não dos teus músculos.
Bons treinos – e não te esqueças:
Juntos vamos superar o teu potencial e…
QUEBRAR OS TEUS LIMITES
REFERÊNCIAS: CINTO DE MUSCULAÇÃO
- Porth, C. J., Bamrah, V. S., Tristani, F. E., & Smith, J. J. (1984). The Valsalva maneuver: mechanisms and clinical implications. Heart & lung : the journal of critical care, 13(5), 507–518.
- Zink, A. J., Whiting, W. C., Vincent, W. J., & McLaine, A. J. (2001). The effects of a weight belt on trunk and leg muscle activity and joint kinematics during the squat exercise. Journal of strength and conditioning research, 15(2), 235–240.
- Escamilla, R. F., Francisco, A. C., Kayes, A. V., Speer, K. P., & Moorman 3rd, C. T. (2002). An electromyographic analysis of sumo and conventional style deadlifts. Medicine and science in sports and exercise, 34(4), 682-688.
- Harman, E. A., Rosenstein, R. M., Frykman, P. N., & Nigro, G. A. (1988). Effects of a belt on intra-abdominal pressure during weight lifting. ARMY RESEARCH INST OF ENVIRONMENTAL MEDICINE NATICK MA.